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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ex vice-de finanças do Fla, Levy diz: 'Tenho a consciência tranquila'





Figura central da gestão Patricia Amorim fala sobre Love, relação da ex-diretoria com organizadas e não teme auditoria feita pela nova gestão


Por Janir JúniorRio de Janeiro





Levy volta da Rússia com Love debaixo do braço
(Foto: Raphael Mesquita / Globoesporte.com)

Pela primeira vez desde o fim da gestão Patricia Amorim, em dezembro, Michel Levy vem a público para comentar as polêmicas durante o tempo em que esteve à frente do departamento de finanças. O ex-dirigente revela valores que envolvem os pagamentos a Vagner Love e a sua participação na relação - aprovada por Patricia, destaca ele - com torcidas organizadas. O convívio com Zico, diretor executivo em 2010, e Vanderlei Luxemburgo, técnico demitido no ano passado, também estão em pauta.

O ex-vice de finanças diz que não teme a auditoria que está sendo feita por uma empresa contratada pela nova gestão.

- Tenho a consciência tranquila de que na área financeira não houve nenhuma falcatrua. Estou, e ficarei tranquilo. Pode ser apontado um direcionamento equivocado, mas, quanto a irregularidades, estou 100% tranquilo e aguardando ansioso para que, se existirem dúvidas, eu preste esclarecimentos – afirmou, usando três vezes a palavra "tranquilo" na mesma resposta.

Michel Levy ressalta o lado positivo depois de seus três anos à frente do departamento de finanças, entre eles o pagamento dos salários em dia:

- O Flamengo tem R$ 1,2 bilhão em contrato negociado nos próximos anos. Essa é a herança.

Recentemente, a nova diretoria revelou que os responsáveis pelo Flamengo nos últimos anos não repassaram o Imposto de Renda de funcionários à Receita Federal, utilizando o dinheiro para outros fins. O vice de finanças também fala sobre essa questão.

Abaixo os principais temas e polêmicas que envolvem o nome de Levy:

Relação com Zico, diretor executivo do futebol em 2010

“Em primeiro lugar, como rubro-negro, o Zico é nosso maior ídolo, jogador que ganhou tudo. Sou dessa geração, me orgulho de ter vivido na arquibancada essa época. Em relação ao Zico diretor executivo de futebol, eu tinha uma expectativa de que ele não deveria ter esse cargo. Sendo uma figura máxima, ele tinha que representar em grande escala, uma coisa macro. Um diretor executivo, não desmerecendo o cargo, está subordinado à presidente, aos vices, e, como eu participava na questão financeira das contratações, houve um pouco de aceitação da parte dele. Não houve discussão acirrada, pode ter havido discordância em relação à contratação ou salário de jogador. Mas todas as contratações solicitadas foram atendidas. Se colocou essa polêmica porque o Zico questionou a forma como o Flamengo funciona estatutariamente, ele achava que o futebol deveria gerar os próprios recursos. Aí não é o Michel Levy. Eu segui o estatuto, não criei nada novo. O grande problema com o Zico foi o levantamento no Conselho Fiscal. Ele se sentiu impedido de se defender no conselho e, a partir daí, com o levantamento de suspeitas de eventual participação dos filhos dele, ele não se sentiu confortável, nem na questão do contrato do CFZ. Posso não ter tido a melhor relação, a que eu gostaria que tivesse sido com o Zico.”

Guerra fria com Vanderlei Luxemburgo


Valores, salário e saída de Vagner Love“Tenho uma relação pessoal com ele antes, durante e depois. Ela se mantém. Não considero que tenha tido um problema direto com o Luxemburgo. A questão começou com a entrevista que dei e na qual houve a interpretação de que eu tinha chamado jogador de marqueteiro. Ele tomou a frente, defendeu o grupo, tinha as justificativas dele. A questão do Luxemburgo é muito fácil transferir para o dirigente. Talvez eu tenha dado muita explicação sobre assuntos em que não deveria ter me envolvido. Mas nem o Zico, nem o Vanderlei saíram por minha causa. O problema do Luxemburgo, todos sabem, foi um desgaste que ele teve na questão disciplinar do Ronaldinho. A decisão de manter o Ronaldinho ou o Luxemburgo foi de diretoria. Eu, mesmo não tendo dinheiro para contratação, consegui fazer negociações. Contribuí com os dois (Luxa e Zico)”.

“Com a saída do Ronaldo, fomos buscar um ídolo, uma alegria para a torcida do Flamengo. Fico feliz de ter tido a oportunidade de ir à Rússia e conseguido trazer o Vagner. O CSKA não queria liberar, tanto é que o levaram de volta. Ele foi comprado por 10 milhões de euros para se pagar em quatro anos. Dentro de uma realidade, do que ele representa, acho que é no padrão normal, não vejo loucura nisso. A nova gestão pegou o Vagner Love com 4 milhões de euros pagos. Não entendi por que foi liberado sem ressarcimento. Mas, como não participei da negociação, não vou comentar. O salário do jogador era de R$ 600 mil no primeiro ano, no segundo passava para R$ 750 mil, no terceiro e quarto a mesma coisa. Não podemos declarar que o salário é um valor acrescido de tributos. Senão, você vai falar de um executivo que ganha R$ 50 mil, ele não ganha R$ 50 mil, com tributos ganha R$ 100 mil. O salário do Vagner era R$ 600 mil mais R$ 150 mil de luvas por mês. Respeito se acharam que a situação era desconfortável. Cada um tem direito de achar que o jogador a, b ou c serve ou não para o Flamengo. Na ocasião, a negociação foi bem desenhada, analisada e parcelada em quatro anos”

Finanças calamitosas

“Não deveria ser uma surpresa para ninguém que assumisse o Flamengo, pois se arrasta há décadas numa bolha que só cresce. A questão fiscal é muito maior do que se imagina, ela vem acumulando, com mais juros e multas. Em nenhuma ocasião da história do Flamengo uma diretoria passa para a outra o que nós conquistamos. O Flamengo tem R$ 1,2 bilhão em contratos negociados nos próximos anos. Esta é a herança. Estão plantando herança maldita, mas a herança maldita se arrasta há anos. Pagamos R$ 136 milhões de atrasados. Quem sentar na cadeira tem que estar preparado para administrar um clube que tem problema. É a primeira vez na história que o clube tem três vezes o valor da dívida em contratos. A nova gestão tem pessoas competentes e bem intencionadas, com condição de administrar essa situação. Tive minha parcela de contribuição na discussão do contrato do televisionamento. Ninguém pode negar que o valor econômico dos jogadores foi uma conquista. “Ah, havia camarotes”, “Ah, a conta de telefone foi de R$ 220 mil”. O total do telefone foi de R$ 285 mil no ano, não no mês. Não adianta pensar em pontos pequenos. O Flamengo foi tratado com seriedade. Agora, é a oportunidade de ouro que a diretoria tem de colocar definitivamente o Flamengo no trilho”.


“Não podemos ser levianos de levantar suspeitas. Tenho consciência tranquila de que na área financeira não houve nenhuma falcatrua. Estou tranquilo e ficarei. Pode ser apontado um direcionamento equivocado, mas, quanto a irregularidades, estou 100% tranquilo e aguardando ansioso para que, se existirem dúvidas, eu preste esclarecimentos. Todos que sentaram na cadeira como presidentes e vices tiveram suas dificuldades porque o Flamengo sempre andou atrás do dinheiro, não tinha receita. O Flamengo é o maior arrecadador de televisionamento. Herança maldita é de 100 anos, mas nessa gestão foi transferida a possibilidade de fazer a virada. Deixamos a Gávea reformada, iniciamos o CT, demos designação ao Morro da Viúva, trouxemos jogadores como Ibson, Hernane que era uma aposta, Cáceres. Deveriam olhar pra frente e não tentar chacoalhar a gestão anterior”.Resultado da auditoria

Não pagamento de impostos

“A dificuldade existe. Nós temos três tributos principais: INSS, fundo de garantia e Imposto de Renda. O INSS foi totalmente pago, o fundo de garantia também, inclusive parte de 2007, 2008, 2009. O Imposto de Renda veio em 2010 sendo pago. Em 2011 e 12 tivemos dificuldades, alguns meses não foram pagos. Isso foi uma decisão de diretoria, não individual”.

Relação com torcidas organizadas e torcedores presos

“A participação do vice de finanças em fornecer ingressos ou passagem para torcidas foi uma decisão de diretoria, não é individual. O Conselho Fiscal tem uma normatização para fazer esse repasse, que é através da Atorfla, que repassa para as torcidas. Sou responsável em assinar o cheque com a presidente. O porquê, e se deve ou não ser feito, é decisão de todas as diretorias. Não é atribuição individual do vice de finanças. Já em relação ao preso que teria dito que o visitei, teria oferecido ajuda, de advogado... Isso está definitivamente esclarecido que não fui eu, já foi confrontado ao preso, ele negou que seria eu. Quem teria ido já esteve na delegacia, fez seu depoimento, confirmando que foi ele (Cacau Cotta, ex-vice do Fla Gávea). O preso confirmou através de imagem que não fui eu. Prestei depoimento, está lá transcrito, não ofereci ajuda e não tenho ligação com torcida. Meu papel era assinar o cheque junto com a presidente. Meu nome não pode ser atrelado com quem matou, quem está praticando atos ilegais”

Críticas de Patricia Amorim
Ronaldinho Gaúcho com Patrícia Amorim e Michel
Levy (Foto: Thales Soares)

“Ninguém fica satisfeito em não ser bem reconhecido. Não medi esforços para me dedicar ao Flamengo. Não tomei atitude sem autorização da presidente nem do conselho diretor, tudo eu dialoguei. Às vezes, agir politicamente atrapalha. Fui mal interpretado, não me coloquei à disposição para pensar politicamente. Sou homem de ação, decisão, por isso fui polêmico. Não fiquei chateado com Patricia, entendo ela, que perdeu duas eleições em três meses"



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